Ato I  

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Meu nome é Sylune, vivi tempo suficiente para presenciar coisas que vocês nunca poderão imaginar, das mais incríveis e épicas até as mais trágicas. Mesmo após ser morta continuei vagando e observando essas coisas, mas nunca tive a oportunidade de relatar algo como foi me dada agora, vou dividir essa história em capítulos e atos, acho que assim ficará melhor. Falarei um pouco mais sobre quem sou adiante, não se preocupem com isso.



Capítulo 1 – Jornada à Cormyr

Ato I - Waterdeep


Era uma noite comum em Waterdeep, ao menos o que tinha se tornado comum nos últimos anos. A cidade que nunca dorme tinha suas tavernas lotadas, suas brigas, seus assaltos aos becos mas nada disso era realmente interessante. Muitas novas formas de comércio eram estabelecidas em Cormyr, ou pelo menos, muitas mercadorias novas apareciam na cidade nos últimos tempos. Foi naquela noite que um grupo de escravos chegavam para serem vendidos. Escravos se tornaram muito comuns desde a Praga Mágica; pessoas sem onde ir, sem um lar aceitavam serem vendidas, pelas mais diversas razões... mas aqueles escravos não eram esses, eles eram refugiados de Anauroch. Fato é que haviam sido capturados na fronteira, as conversas diziam sobre o deserto impiedoso ter se tornado um grande campo, eles não estavam tão errados sobre isso, mas vamos ao que interessa.

Kadir El Rajah, um dos escravos tinha o principal papel entre aquele grupo de quatro escravos naquela noite. Apenas um jovem beduíno que viveu sobre a tutela dos anciões da sua tribo, que havia visto meteoros caírem sobre seu povo, que havia presenciado os maiores predadores de sua região fugirem do seu próprio habitat desesperados por alguma razão, naquela noite ele deixava de se tornar apenas um jovem beduíno e escreveria seu nome na história. E ele não estaria sozinho em destaque nessa noite, longe disso. Entre a platéia estavam Milo, Eldon e Razeel, deixe-me dizer algumas coisas sobre esses três, começando por Milo.

Clérigos de Lathander ocasionalmente são vistos como heróis, pessoas que inspiram massas, que trazem literalmente a luz e a escuridão, tanto no céu quanto no coração de cada sujeito que vê aquele símbolo brilhar em seu peito, Milo era exatamente o oposto disso. Não sei se algum dia ele vai ler sobre isso, mas eu via uma criança aos seus dezesseis anos que era diferente de todos os outros, enquanto clérigos se gabavam por suas glórias, Milo era aquele que esperançoso aguardava algo que o fizesse ter alguma chance de mostrar a Lathander e as pessoas o quanto poderia ser bom para seu deus e o mundo. Ambicioso? Não, eu diria sonhador, e ele não estava errado, acreditem.

O Halfling glutão, o marrentinho, o gorduchinho. Esses eram apenas algumas das referências que se tinha quando você procurar por Eldon na cidade. Eu não sei se algum dia ele realmente soube dessas coisas, mas ele não era visto como a mais agradável das pessoas da cidade. Eu poderia dizer a princípio que Eldon seria o grande vilão dessa história, sua individualidade e seu egoísmo sempre haviam prevalecido acima de qualquer coisa, talvez nem ele esperasse tudo isso que aconteceria adiante.
Pra terminar eu digo sobre Razeel, o artista de circo e único não residente de Waterdeep dos três. O jovem estava na cidade à procura de seu antigo grupo, seus companheiros, sua família. Curiosamente um mago que não sofreu com os efeitos da Praga Mágica que matou milhares de seus semelhantes. Bom, isso eu explico depois.
Aquele encontro aleatório terminou na compra de Kadir por Milo, que pretendia libertar o pobre homem que se via ferido e esfarrapado, mas só após uma disputa com Eldon, que o queria como serviçal ou guarda-costas. Estava ali formado um contato com eles, que instantes depois acabava por ser intensificado quando pessoas começaram a correr desesperadas...eram Gibberlings.

Temer Gibberlings? Sim. Tudo era motivo pra temor nas cidades e não seria diferente em Waterdeep. Sua transigência havia causado a destruição de bairros em ataques de criaturas, em desastres mágicos, a partir daí tudo era motivo de desespero e motivo para se retirar a Igreja de Lathander. Ao saber do ataque, todos que estavam nas ruas se dirigiram para lá, incluindo os personagens que citei anteriormente.
Na Igreja, Kadir, Milo, Eldon e Razeel conheceram Menethor. Contarei sobre Menethor depois mas certamente ele era uma peça importante para eles, um novo membro para o grupo. Unindo forças, fizeram seu caminho para fora da igreja lutando com as asquerosas criaturas e assim, os quatro conseguiram escapar de Waterdeep. E não apenas fugiram, mas os quatro agora possuíam uma caixa que havia sido dada pelo Bispo da Igreja de Lathander.

O velho e sereno homem havia conferido a eles a obrigação de proteger aquela caixa (que, entre eles, apenas Milo sabia da sua importância) e leva-la a Cormyr. Estranho, não?
A caixa havia sido mantida durante algum tempo oculta no templo de Lathander, os clérigos ouviam histórias sobre alguma coisa que era muito bem guardada, e nos últimos dias haviam ouvido que poderosos emissários de Arabel estariam vindo buscar a mesma. Soava importante demais, afinal era sempre interessante quando os homens de Arabel vinham e traziam histórias e novidades, todos desejavam ser clérigos em Arabel.

Eldon foi o primeiro a ter contato com o que havia dentro da caixa. Era uma pedra, simplesmente uma pedra vermelha, que o ganancioso halfling achou que deveria ter muito valor. Eu poderia chamar de rubí, mas era na verdade mais que uma pedra preciosa, era um artefato, e o pobre Contacobre descobriu isso quando pelo já comentado egoísmo pegou o artefato na mão. Ao toca-la e ter parte de sua energia sugada, ele pôde sentir pelo menos um dos motivos do qual o artefato era mantido longe do alcance das pessoas, ou do toque delas.
O fim daquela noite era o esperado: todos seguiram juntos em direção a Cormyr. Sim, Kadir, Milo, Eldon, Razeel e Menethor, um conjunto de figuras distintas, que não se conheciam e não confiavam um no outro e agora tinham essa importante missão. É claro que as motivações eram diferentes e elas ficarão explicitas ao longo dessas páginas, mas eram agora um grupo, uma comitiva, e foi aí que que estive com eles pela primeira vez.

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